A presença de argentinos supera a de paraguaios nas fronteiras do Brasil, com o país se tornando uma opção atrativa para os hermanos.
Em 2024 o fluxo migratório no Brasil bateu recordes e cresceu 15%. Segundo os dados divulgados pela Polícia Federal, os argentinos foram os que mais vieram para o Brasil, totalizando quase 4 milhões de entradas no país.
Nas duas aduanas da Tríplice Fronteira, a migração argentina supera a dos paraguaios, isso porque as férias do lado brasileiro da fronteira tem uma vantagem maior do câmbio, devido ao elevado custo de vida na Argentina. De acordo com a reportagem do H2Foz, os destinos preferidos dos argentinos no Brasil são as praias no Paraná, em Santa Catarina e no Rio de Janeiro.
Os preços estão mais competitivos no Brasil
Além do turismo, muitos argentinos estão aproveitando para adquirir produtos com preços mais baixos no Brasil ou mesmo para passar períodos prolongados, inclusive trabalhando com empregos remotos (nômades digitais). As políticas de ajuste fiscal e desregulamentação do governo de Javier Milei tornaram a Argentina um país mais caro tanto para os residentes quanto para os visitantes.
Em uma medida comparativa feita pela InfoMoney, até os preços do Big Mac, sanduíche do McDonald’s, aumentaram significativamente: custando U$7,37 na Argentina, pela taxa de câmbio oficial, enquanto no Brasil custa U$4,49, uma diferença de quase a metade do preço.
Planos para o aumento do controle fronteiriço na Argentina
No entanto, apesar do aumento no fluxo migratório e de uma demanda maior dos argentinos pelo turismo brasileiro, o governo argentino atualmente faz planos para aumentar o controle e reduzir os fluxos das fronteiras a partir do estabelecimento de maiores entraves para a migração com o Brasil, incluindo a possível construção de mais barreiras físicas.
É importante destacar que essa medida contradiz os princípios de diálogo, cooperação e integração do Mercosul, que por essência visam facilitar o livre trânsito e imigração regional entre os nacionais de países que fazem parte do acordo, como é o caso do Brasil e da Argentina.
As restrições podem afetar tanto a economia brasileira quanto a argentina e gerar tensões diplomáticas entre os países-membros do Mercosul. Vale ressaltar que a Argentina é o terceiro maior parceiro comercial do Brasil e que o Brasil está na primeira posição em matéria de trocas com o vizinho argentino.
Enquanto as medidas de controle de fluxo de pessoas e capitais não se intensificam ou surtem efeito, a migração dos argentinos para o Brasil em busca de melhores condições econômicas, turismo e maior poder de compra tende a aumentar no ano de 2025.
A forma como o governo argentino escolherá lidar com esse cenário, honrando ou não os princípios de integração do Mercosul, ainda é incerta.
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